Não busque no meu corpo a carne, a chama.
Nem veja no meu rosto uma consagração qualquer.
Eu sei que sou um anjo à-toa neste mundo.
Um tiro certo, um poço fundo,
um precipício aberto, uma mulher.
O que é que eu faço com essa sensação estranha,
que me persegue e me apanha,
e me vira pelo avesso,
que não tem fim nem começo
e me faz o que bem quer?
O que é que eu faço com essa sensação perdida,
desvairada, enlouquecida,
displicente, amargurada,
se o meu sorriso anda tão comprometido
e se a gente passa e pensa,
sem recompensa, sem nada?
Eu quero ser seu anjo,
à-toa e vagabundo,
seu mistério o mais profundo
e você vem quando quiser.
Se você quer morrer de amor,
morrer de vício,
eu quero ser seu precipício,
seu amor, sua mulher.
(Kátia Drummond/ Tamir Drummond)