30 julho 2012

Ou... Me ensine...



"Me ensine a partir sem chorar
Nos mares dos desencontros
Das nossas mãos navegantes
Que tentam não se encontrar.

Me ensine palavras silentes
Que o medo ensina a pichar
Os muros que nos protegem
De ser feliz e de amar.

Me ensine o caminho da fuga,
A forma, a razão e o jeito.
Que os sonhos que nos machuca
Nós afagamos no peito.

Me ensine a soprar a ferida
Que sangra na ponta do aço
Da faca que acaricia
E nos retalha em pedaços.

Me ensine uma estrada que chegue
Aonde queremos chegar,
Lá onde você me afague,
E de onde possamos voltar

Ou...

Me ensine a partir sem chorar..."

( Compositores: Gildes Bezerra e Luiz Celso de Carvalho/ Intérprete: DÉRCIO MARQUES)

- êee saudades!


25 julho 2012

Frio


"Faz frio, minha amiga.
Frio que vem da nevasca forte
... Que sai da boca das palavras despidas de amor.
Que vem da solidão da noite insone
A espiar, catatonicamente, o nada.
Frio que vem do cume coberto de neve
Da montanha branca e sozinha. Sempre sozinha,
Como aqueles que se colocam no alto.


Faz frio, minha amiga.
Frio que vem da chuva gélida dos insensíveis.
Que vem das geleiras dos corações
Desertos e vazios a se quebrarem.
Que vem das mãos fechadas;
Dos braços calados e dos sorriso ausente.
Que vem pela estrada daqueles
Que caminham ensimesmados
E não vêem sequer as paisagens
Que passam por perto.


Faz frio, minha amiga.
Frio que vem da distância que separa do munso
Os desamados, os carentes e os que não sonham.
Que vem do castelo dos soberbos
Muito ricos de conhecimento e se bastam a si.
Frio que vem da perfeição dos que não erram,
Não pedem perdão e não se perdem nunca.
Frio que vem do futuro daqueles
Que não olham para trás.


Faz frio, minha amiga.
Frio que, talvez, venha de nós."


(Gildes Bezerra)

03 julho 2012

Incelença para um poeta morto


"Cantemo u'a incelença
prá êsse ilustre prufessô
qui nessa hora imensa
chegô aos pé do Criadô
choremo outra incelença
pru grande meste da "Lição"
de saudosa lembraça
in nosso coração
levanta é madrugada
os galo já cantô
qui sua "Viola quebrada"
silenciosa ficô
segue a istrela de guia
nos campo do Siô
qui "A mão nevada e fria
da saudade" chegô
um canto de incelença
na Casa do Rei Salomão
cântaro os cumpaiêro
cum as ispada na mão
levanta é madrugada
os galo já cantô
qui sua "Viola quebrada"
silenciosa ficô
segue a istrela de guia
nos campo do Siô
qui "A mão nevada e fria
da saudade" chegô."

(Elomar Figueira Melo)