23 maio 2013

Matança



 
"Cipó Caboclo tá subindo na virola
 
 Chegou a hora do Pinheiro balançar
 Sentir o cheiro do mato, da Imburana
 Descansar, morrer de sono na sombra da Barriguda
 De nada vale tanto esforço do meu canto
 Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
 Tal Mata Atlântica e a próxima Amazônica
 Arvoredos seculares impossível replantar
 Que triste sina teve o Cedro, nosso primo
 Desde de menino que eu nem gosto de falar
 Depois de tanto sofrimento seu destino
 Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
 Quem por acaso ouviu falar da Sucupira
 Parece até mentira que o Jacarandá
 Antes de virar poltrona, porta, armário
 Mora no dicionário, vida eterna, milenar
 
Quem hoje é vivo corre perigo
 E os inimigos do verde dá sombra ao ar
 Que se respira e a clorofila
 Das matas virgens destruídas vão lembrar
 Que quando chegar a hora
 É certo que não demora
 Não chame Nossa Senhora
 Só quem pode nos salvar é
 
Caviúna, Cerejeira, Baraúna
 Imbuia, Pau-d'arco, Solva
 Juazeiro e Jatobá
 Gonçalo-Alves, Paraíba, Itaúba
 Louro, Ipê, Paracaúba
 Peroba, Massaranduba
 Carvalho, Mogno, Canela, Imbuzeiro
 Catuaba, Janaúba, Aroeira, Araribá
 Pau-Ferro, Angico, Amargoso, Gameleira
 Andiroba, Copaíba, Pau-Brasil, Jequitibá"
(Xangai)

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